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quarta-feira, 23 de março de 2011

A Alma do Vinho

A alma do vinho assim cantava nas garrafas:

"Homem, ó deserdado amigo, eu te compus,

Nesta prisão de vidro e lacre em que me abafas,

Um cântico em que há só fraternidade e luz!

Bem sei quanto custou, na colina incendida,

De causticante sol, de suor e de labor,

Para fazer minha alma e engendrar minha vida;

Mas eu não hei de ser ingrato e corruptor,

Porque eu sinto um prazer imenso quando baixo

À goela do homem que já trabalhou demais,

E sei peito bastante é doce tumba que acho

Mais propícia ao prazer que as adegas glaciais.

Não ouves retirar a domingueira toada

E esperanças chalrar em meu seio, febris?

Cotovelos na mesa a manga arregaçada,

Tu me hás de bendizer e tu serás feliz:

Hei de acender-te da esposa embevecida;

A teu filho farei a força e a cor

E serei para tão terno atleta da vida

Como o óleo e os tendões enrija ao lutador.

Sobre ti tombarei, vegetal ambrosia,

Grão precioso que lança o eterno semeador,

Para que enfim do nosso amor nasça a poesia

Que até Deus subirá como uma rara flor!"

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