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segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Me desculpem

3 Consolos
À minha amada mãe e à todos que talvez me amaram porém eu que fui tão cega não os soube valorizar.
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sábado, 20 de agosto de 2011

Poesia dos Excluídos: Se...

2 Consolos
Poesia dos Excluídos: Se...: Se você me amasse... Ah, se você me amasse... Se você me ouvisse Quando eu te chamasse Se você sentisse Quando eu te tocasse Se você agiss...
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quarta-feira, 17 de agosto de 2011

4 Consolos
E de pensar que fragil era eu...
Deite se em meu corpo meus fantasmas ja se foram
Esconda se em meus braços, derrame teu pranto em meu seio
Pode chorar, ficarei aqui em silencio
Emprestarei meu colo, aquecerei tua alma
E ao toque do meu coração em paz dormirá
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terça-feira, 2 de agosto de 2011

0 Consolos
Estava acostumada a ser mal amada, já havia me convencido de que minha sina era dar todo o meu amor e nada receber em troca.
Sabe como se descobre que está no caminho certo? Quando sentem sua falta, quando as pessoas que te fizeram chorar, agora querem teu sorriso.
Foi só ver alguem me fazer feliz já bateu o arrependimento
Dane-se
Quero quem me quer.
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quinta-feira, 24 de março de 2011

NO CABARÉ-VERDE

1 Consolos
às cinco horas da tarde
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MA BOHÈME (Fantasie)

0 Consolos
E lá me ia, as mãos nos bolsos furados,
E meu casaco era também o ideal.
Eu ia sob o céu, Musa! e te era leal;
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TERCEIRO SONETO DE "LES STUPRA"

0 Consolos
Franzida e obscura como um ilhós
Violeta,
Ela respira, humilde, entre a relva
Rociada
Ainda do amor que desce a branda
Rampa das
Brancas nádegas até o coração da
Greta.

Filamentos iguais a lágrimas de leite

Choraram sob o vento atroz que os
Arrecada
E os impele através de marnas
Arruivadas
Até perderem-se na fenda dos
Deleites.

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Moi

0 Consolos
Sou sim aquela brisa que sentiste ao soarem o meu nome
Por que achava que iria me esquecer?
Já que não te darei este descanso
Sou brisa, sou gota, sou poeira
Inofensiva até que atinja teus olhos.

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quarta-feira, 23 de março de 2011

O Suspiro

0 Consolos
Voai, brandos meninos tentadores,
Filhos de Vénus, deuses da ternura,
Adoçai-me a saudade amarga e dura,
Levai-me este suspiro aos meus amores:

Dizei-lhe que nasceu dos dissabores
Que influi nos corações a formosura;
Dizei-lhe que é penhor da fé mais pura,
Porção do mais leal dos amadores:

Se o fado para mim sempre mesquinho,
A outro of'rece o bem de que me afasta,
E em ais lhe envia Ulina o seu carinho:

Quando um deles soltar na esfera vasta,
Trazei-o a mim, torcendo-lhe o caminho;
Eu sou tão infeliz, que isso me basta.

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Sonho

0 Consolos
De suspirar em vão já fatigado,
Dando trégua a meus males eu dormia;
Eis que junto de mim sonhei que via
Da Morte o gesto lívido e mirrado:

Curva fouce no punho descarnado
Sustentava a cruel, e me dizia:
Eu venho terminar tua agonia;
Morre, não penes mais, ó desgraçado!
Quis ferir-me, e de Amor foi atalhada,
Que armado de cruentos passadores
Aparece, e lhe diz com voz irada:


Que esta vida infeliz está guardada
Para vítima só de meus furores.
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A Inês

0 Consolos

Não me sorrias à sombria fronte,

Ai! sorrir eu não posso novamente:

Que o céu afaste o que tu chorarias

E em vão talvez chorasses, tão somente.

E perguntas que dor trago secreta,

A roer minha alegria e juventude?

E em vão procuras conhecer-me a angústia

Que nem tu tornarias menos rude?

Não é o amor, não é nem mesmo o ódio,

Nem de baixa ambição honras perdidas,

Que me fazem opor-me ao meu estado

E evadir-me das coisas mais queridas.

De tudo o que eu encontro, escuto, ou vejo,

É esse tédio que deriva, e quanto!

Não, a Beleza não me dá prazer,

Teus olhos para mim mal têm encanto.

Esta tristeza imóvel e sem fim

É a do judeu errante e fabuloso

Que não verá além da sepultura

E em vida não terá nenhum repouso.

Que exilado - de si pode fugir?

Mesmo nas zonas mais e mais distantes,

Sempre me caça a praga da existência,

O Pensamento, que é um demônio, antes.

Mas os outros parecem transportar-se

De prazer e, o que eu deixo, apreciar;

Possam sempre sonhar com esses arroubos

E como acordo nunca despertar!

Por muitos climas o meu fado é ir-me,

Ir-se com um recordar amaldiçoado;

Meu consolo é saber que ocorra embora

O que ocorrer, o pior já me foi dado.

Qual foi esse pior? Não me perguntes,

Não pesquises por que é que consterno!

Sorri! não sofras risco em desvendar

O coração de um homem: dentro é o Inferno.
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Estâncias para Música

0 Consolos

Alegria não há que o mundo dê, como a que tira.

Quando, do pensamento de antes, a paixão expira

Na triste decadência do sentir;

Não é na jovem face apenas o rubor

Que esmaia rápido, porém do pensamento a flor

Vai-se antes de que a própria juventude possa ir.

Alguns cuja alma bóia no naufrágio da ventura

Aos escolhos da culpa ou mar do excesso são levados;

O ímã da rota foi-se, ou só e em vão aponta a obscura

Praia que nunca atingirão os panos lacerados.

Então, frio mortal da alma, como a noite desce;

Não sente ela a dor de outrem, nem a sua ousa sonhar;

toda a fonte do pranto, o frio a veio enregelar;

Brilham ainda os olhos: é o gelo que aparece.

Dos lábios flua o espírito, e a alegria o peito invada,

Na meia-noite já sem esperança de repouso:

É como na hera em torno de uma torre já arruinada,

Verde por fora, e fresca, mas por baixo cinza anoso.

Pudesse eu me sentir ou ser como em horas passadas,

Ou como outrora sobre cenas idas chorar tanto;

Parecem doces no deserto as fontes, se salgadas:

No ermo da vida assim seria para mim o pranto

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O Oceano

0 Consolos

Rola, Oceano profundo e azul sombrio, rola!

Caminham dez mil frotas sobre ti, em vão;

de ruínas o homem marca a terra, mas se evola

na praia o seu domínio. Na úmida extensão

só tu causas naufrágios; não, da destruição

feita pelo homem sombra alguma se mantém,

exceto se, gota de chuva, ele também

se afunda a borbulhar com seu gemido,

sem féretro, sem túmulo, desconhecido.

Do passo do há traços em teus caminhos,

nem são presa teus campos. Ergues-te e o sacodes

de ti; desprezas os poderes tão mesquinhos

que usa para assolar a terra, já que podes

de teu seio atirá-lo aos céus; assim o lanças

tremendo uivando em teus borrifos escarninhos

rumo a seus deuses - nos quais firma as esperanças

de achar um portou angra próxima, talvez -

e o devolves á terra: - jaza aí, de vez.

Os armamentos que fulminam as muralhas

das cidades de pedra - e tremem as nações

ante eles, como os reis em suas capitais - ,

os leviatãs de roble, cujas proporções

levam o seu criador de barro a se apontar

como Senhor do Oceano e árbitro das batalhas,

fundem-se todos nessas ondas tão fatais

para a orgulhosa Armada ou para Trafalgar.

Tuas bordas são reinos, mas o tempo os traga:

Grécia, Roma, Catargo, Assíria, onde é que estão?

Quando outrora eram livres tu as devastavas,

e tiranos copiaram-te, a partir de então;

manda o estrangeiro em praias rudes ou escravas;

reinos secaram-se em desertos, nesse espaço,

mas tu não mudas, salvo no florear da vaga;

em tua fronte azul o tempo não põe traço;

como és agora, viu-te a aurora da criação.

Tu, espelho glorioso, onde no temporal

reflete sua imagem Deus onipotente;

calmo ou convulso, quando há brisa ou vendaval,

quer a gelar o pólo, quer em cima ardente

a ondear sombrio, - tu és sublime e sem final,

cópia da eternidade, trono do Invisível;

os monstros dos abismos nascem do teu lodo;

insondável, sozinho avanças, és terrível.

Amei-te, Oceano! Em meus folguedos juvenis

ir levado em teu peito, como tua espuma,

era um prazer; desde meus tempos infantis

divertir-me com as ondas dava-me alegria;

quando, porém, ao refrescar-se o mar, alguma

de tuas vagas de causar pavor se erguia,

sendo eu teu filho esse pavor me seduzia

e era agradável: nessas ondas eu confiava

e, como agora, a tua juba eu alisava.

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Trevas

0 Consolos

Eu tive um sonho que não era em todo um sonho

O sol esplêndido extinguira-se, e as estrelas

Vagueavam escuras pelo espaço eterno,

Sem raios nem roteiro, e a enregelada terra

Girava cega e negrejante no ar sem lua;

Veio e foi-se a manhã - Veio e não trouxe o dia;

E os homens esqueceram as paixões, no horror

Dessa desolação; e os corações esfriaram

Numa prece egoísta que implorava luz:

E eles viviam ao redor do fogo; e os tronos,

Os palácios dos reis coroados, as cabanas,

As moradas, enfim, do gênero que fosse,

Em chamas davam luz; As cidades consumiam-se

E os homens juntavam-se junto às casas ígneas

Para ainda uma vez olhar o rosto um do outro;

Felizes enquanto residiam bem à vista

Dos vulcões e de sua tocha montanhosa;

Expectativa apavorada era a do mundo;

Queimavam-se as florestas - mas de hora em hora

Tombavam, desfaziam-se - e, estralando, os troncos

Findavam num estrondo - e tudo era negror.

À luz desesperante a fronte dos humanos

Tinha um aspecto não terreno, se espasmódicos

Neles batiam os clarões; alguns, por terra,

Escondiam chorando os olhos; apoiavam

Outros o queixo às mãos fechadas, e sorriam;

Muitos corriam para cá e para lá,

Alimentando a pira, e a vista levantavam

Com doida inquietação para o trevoso céu,

A mortalha de um mundo extinto; e então de novo

Com maldições olhavam para a poeira, e uivavam,

Rangendo os dentes; e aves bravas davam gritos

E cheias de terror voejavam junto ao solo,

Batendo asas inúteis; as mais rudes feras

Chagavam mansas e a tremer; rojavam víboras,

E entrelaçavam-se por entre a multidão,

Silvando, mas sem presas - e eram devoradas.

E fartava-se a Guerra que cessara um tempo,

E qualquer refeição comprava-se com sangue;

E cada um sentava-se isolado e torvo,

Empanturrando-se no escuro; o amor findara;

A terra era uma idéia só - e era a de morte

Imediata e inglória; e se cevava o mal

Da fome em todas as entranhas; e morriam

Os homens, insepultos sua carne e ossos;

Os magros pelos magros eram devorados,

Os cães salteavam seus donos, exceto um,

Que se mantinha fiel a um corpo, e conservava

Em guarda as bestas e aves e famintos homens,

Até a fome os levar, ou os que caíam mortos

Atraírem seus dentes; ele não comia,

Mas com um gemido comovente e longo, e um grito

Rápido e desolado, e relambendo a mão

Que já não o agradava em paga - ele morreu.

Finou-se a multidão de fome, aos poucos; dois,

Dois inimigos que vieram a encontrar-se

Junto às brasas agonizantes de um altar

Onde se haviam empilhado coisas santas

Para um uso profano; eles a resolveram

E trêmulos rasparam, com as mãos esqueléticas,

As débeis cinzas, e com um débil assoprar

E para viver um nada, ergueram uma chama

Que não passava de arremedo; então alçaram

Os olhos quando ela se fez mais viva, e espiaram

O rosto um do outro - ao ver gritaram e morreram

- Morreram de sua própria e mútua hediondez,

- Sem um reconhecer o outro em cuja fronte

Grafara o nome "Diabo". O mundo se esvaziara,

O populoso e forte era uma informe massa,

Sem estações nem árvore, erva, homem, vida,

Massa informe de morte - um caos de argila dura.

Pararam lagos, rios, oceanos: nada

Mexia em suas profundezas silenciosas;

Sem marujos, no mar as naus apodreciam,

Caindo os mastros aos pedaços; e, ao caírem,

Dormiam nos abismos sem fazer mareta,

mortas as ondas, e as marés na sepultura,

Que já findara sua lua senhoril.

Os ventos feneceram no ar inerte, e as nuvens

Tiveram fim; a escuridão não precisava

De seu auxílio - as trevas eram o Universo.

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Uma Taça Feita de um Crânio

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Não recues! De mim não foi-se o espírito...

Em mim verás - pobre caveira fria -

Único crânio que, ao invés dos vivos,

Só derrama alegria.

Vivi! amei! bebi qual tu: Na morte

Arrancaram da terra os ossos meus.

Não me insultes! empina-me!... que a larva

Tem beijos mais sombrios do que os teus.

Mais vale guardar o sumo da parreira

Do que ao verme do chão ser pasto vil;

- Taça - levar dos Deuses a bebida,

Que o pasto do réptil.

Que este vaso, onde o espírito brilhava,

Vá nos outros o espírito acender.

Ai! Quando um crânio já não tem mais cérebro

...Podeis de vinho o encher!

Bebe, enquanto inda é tempo! Uma outra raça,

Quando tu e os teus fordes nos fossos,

Pode do abraço te livrar da terra,

E ébria folgando profanar teus ossos.

E por que não? Se no correr da vida

Tanto mal, tanta dor ai repousa?

É bom fugindo à podridão do lado

Servir na morte enfim p'ra alguma coisa!...

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Soneto

0 Consolos

Perdoa se hoje em verso rude não cadente

Ledos os sentimentos de minha alma exprimo:

Tu verás que na arte de poeta eu não primo

Porém verás que só digo o que meu peito sente.

Mas os teus anos que me alegram a mente,

Triste pensamento me faz vir do imo

De meu peito alegre. De ti que eu tanto estimo

Para o ano, em igual dia hei de estar ausente!

Mas se de ti separar-me a extensão tão imensa,

A grande distância que entre nós estiver

Lembrança de ti não me fará perder.

Faz que tua alma a distância também vença,

Neste dia entre os amigos não te esquece

Daquele em quem tua lembrança não fenece.
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Imitação

0 Consolos

O tempo alegre corria

Da infância nos anos meus;

O céu azul me sorria;

Que esperança, oh meu Deus!

Via uma verde campina,

Nele uma flor peregrina;

Tinha uma crença querida,

Sonhava glórias brilhantes,

No porvir da minha vida.

Dias de gozo e ventura,

Manhãs de purpúrea cor,

Tardes de elísia doçura,

Noites de ameno frescor;

O sol doirado fulgindo;

A lua argêntea luzindo;

Tudo, tudo prometia

Alegrias amorosas;

Canções do céu tão mimosas!

Tudo, tudo repetia.

Haver pensara no mundo

Uma sincera afeição

Amor leal e profundo,

Santo amor do coração;

Sonhava fruir delícias,

Ternas e meigas carícias;

Mulheres belas gozar,

Mais belas que a do Profeta,

Puro amor como o de poeta

Rendido lhes consagrar.

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Minha Desgraça

0 Consolos

Minha desgraça não é ser poeta,

Nem na terra de amor não ter um eco,

E meu anjo de Deus, o meu planeta

Tratar-me como trata-se um boneco...

Não é andar de cotovelos rotos,

Ter duro como pedra o travesseiro...

Eu sei... O mundo é um lodaçal perdido

Cujo sol (quem mo dera!) é o dinheiro...

Minha desgraça, ó cândida donzela,

O que faz que o meu peito blasfema,

É ter para escrever todo um poema

E não ter um vintém para uma vela.

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Último Soneto

0 Consolos

Já da noite o palor me cobre o rosto,

Nos lábios meus o alento desfalece,

Surda agonia o coração fenece,

E devora meu ser mortal desgosto!

Do leito, embalde num macio encosto,

Tento o sono reter!... Já esmorece

O corpo exausto que o repouso esquece...

Eis o estado em que a mágoa me tem posto!

O adeus, o teu adeus, minha saudade,

Fazem que insano do viver me prive

E tenha os olhos meus na escuridade.

Dá-me a esperança com que o ser mantive!

Volve ao amante os olhos, por piedade,

Olhos por quem viveu quem já não vive!

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Lágrima de Sangue

0 Consolos

Ao pé das aras no clarão dos círios

Eu te devera consagrar meus dias;

Perdão, meu Deus! perdão

Se neguei meu Senhor nos meus delírios

E um canto de enganosas melodias

Levou meu coração!

Só tu, só tu podias o meu peito

Fartar de imenso amor e luz infinda

E uma Saudade calma;

Ao sol de tua fé doirar meu leito

E de fulgores inundar ainda

A aurora na minh'alma.

Pela treva do espírito lancei-me,

Das esperanças suicidei-me rindo...

Sufoquei-as sem dó.

No vale dos cadáveres sentei-me

E minhas flores semeei sorrindo

Dos túmulos no pó.

Indolente Vestal, deixei no templo

A pira se apagar — na noite escura

O meu gênio descreu.

Voltei-me para a vida... só contemplo

A cinza da ilusão que ali murmura:

Morre! — tudo morreu!

Cinzas, cinzas... Meu Deus! só tu podias

À alma que se perdeu bradar de novo:

Ressurge-te ao amor!

Malicento, da minhas agonias

Eu deixaria as multidões do povo

Para amar o Senhor!

Do leito aonde o vício acalentou-me

O meu primeiro amor fugiu chorando.

Pobre virgem de Deus!

Um vendaval sem norte arrebatou-me,

Acordei-me na treva... profanando

Os puros sonhos meus!

Oh! se eu pudesse amar!... — É impossível!

Mão fatal escreveu na minha vida;

A dor me envelheceu.

O desespero pálido, impassível

Agoirou minha aurora entristecida,

De meu astro descreu.

Oh! se eu pudesse amar! Mas não:

agora Que a dor emurcheceu meus breves dias,

Quero na cruz sangrenta

Derramá-los na lágrima que implora,

Que mendiga perdão pela agonia

Da noite lutulenta!

Quero na solidão — nas ermas grutas

A tua sombra procurar chorando

Com meu olhar incerto:

As pálpebras doridas nunca enxutas

Queimarei... teus fantasmas invocando

No vento do deserto.

De meus dias a lâmpada se apaga:

Roeram meu viver mortais venenos;

Curvo-me ao vento forte.

Teu fúnebre clarão que a noite alaga,

Como a estrela oriental me guie ao menos

Té o vale da morte!

No mar dos vivos o cadáver bóia

— A lua é descorada como um crânio,

Este sol não reluz:

Quando na morte a pálpebra se engóia,

O anjo se acorda em nós — e subitâneo

Voa ao mundo da luz!

Do val de Josafá pelas gargantas

Uiva na treva o temporal sem norte

E os fantasmas murmuram...

Irei deitar-me nessas trevas santas,

Banhar-me na frieza lustral da morte

Onde as almas se apuram!

Mordendo as clinas do corcel da sombra,

Sufocando, arquejante passarei

Na noite do infinito.

Ouvirei essa voz que a treva assombra,

Dos lábios de minh'alma entornarei

O meu cântico aflito!

Flores cheias de aroma e de alegria,

Por que na primavera abrir cheirosas

E orvalhar-vos abrindo?

As torrentes da morte vêm sombrias,

Hão de amanhã nas águas tenebrosas

Vos rebentar bramindo.

Morrer! morrer! É voz das sepulturas!

Como a lua nas salas festivais

A morte em nós se estampa!

E os pobres sonhadores de venturas

Roxeiam amanhã nos funerais

E vão rolar na campa!

Que vale a glória, a saudação que enleva

Dos hinos triunfais na ardente nota,

E as turbas devaneia?

Tudo isso é vão, e cala-se na treva

— Tudo é vão, como em lábios de idiota

Cantiga sem idéia.

Que importa? quando a morte se descarna,

A esperança do céu flutua e brilha

Do túmulo no leito:

O sepulcro é o ventre onde se encama

Um verbo divinal que Deus perfilha

E abisma no seu peito!

Não chorem! que essa lágrima profunda

Ao cadáver sem luz não dá conforto...

Não o acorda um momento!

Quando a treva medonha o peito inunda,

Derrama-se nas pálpebras do morto

Luar de esquecimento!

Caminha no deserto a caravana,

Numa noite sem lua arqueja e chora...

O termo... é um sigilo!

O meu peito cansou da vida insana;

Da cruz à sombra, junto aos meus, agora

Eu dormirei tranqüilo!

Dorme ali muito amor... muitas amantes,

Donzelas puras que eu sonhei chorando

E vi adormecer.

Ouço da terra cânticos errantes,

E as almas saudosas suspirando,

Que falam em morrer...

Aqui dormem sagradas esperanças,

Almas sublimes que o amor erguia...

E gelaram tão cedo!

Meu pobre sonhador! aí descansas,

Coração que a existência consumia

E roeu um segredo! ...

Quando o trovão romper as sepulturas,

Os crânios confundidos acordando

No lodo tremerão.

No lodo pelas tênebras impuras

Os ossos estalados tiritando

Dos vales surgirão!

Como rugindo a chama encarcerada

Dos negros flancos do vulcão rebenta

Goltejando nos céus,

Entre nuvem ardente e trovejada

Minh'alma se erguerá, fria, sangrenta,

Ao trono de meu Deus...

Perdoa, meu Senhor! O errante crente

Nos desesperos em que a mente abrasas

Não o arrojes p'lo crime!

Se eu fui um anjo que descreu demente

E no oceano do mal rompeu as asas,

Perdão! arrependi-me!

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As Litânias de Satã

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Ó tu, o Anjo mais belo e também o mais culto,

Deus que a sorte traiu e privou do seu culto,

Tem piedade, ó Satã, desta longa miséria!

Ó Príncipe do exílio a quem alguém fez mal,

E que, vencido, sempre te ergues mais brutal,

Tem piedade, ó Satã, desta longa miséria!

Tu que vês tudo, ó rei das coisas subterrâneas,

Charlatão familiar das humanas insânias,

Tem piedade, ó Satã, desta longa miséria!

Tu que, mesmo ao leproso, ao paria infame, ao réu

Ensinas pelo amor às delícias do Céu,

Tem piedade, ó Satã, desta longa miséria!

Tu que da morte, tua velha e forte amante,

Engendraste a Esperança, - a louca fascinante!

Tem piedade, ó Satã, desta longa miséria!

Tu que dás ao proscrito esse alto e calmo olhar

Que faz ao pé da forca o povo desvairar,

Tem piedade, ó Satã, desta longa miséria!

Tu que sabes onde é que em terras invejosas

O Deus ciumento esconde as pedras preciosas.

Tem piedade, ó Satã, desta longa miséria!

Tu cuja larga mão oculta os precipícios,

Ao sonâmbulo a errar na orla dos edifícios,

Tem piedade, ó Satã, desta longa miséria!

Tu que, magicamente, abrandas como mel

Os velhos ossos do ébrio moído num tropel,

Tem piedade, ó Satã, desta longa miséria!

Tu, que ao homem que é fraco e sofre deste o alvitre

De poder misturar ao enxofre o salitre,

Tem piedade, ó Satã, desta longa miséria!

Tu que pões tua marca, ó cúmplice sutil,

Sobre a fronte do Creso implacável e vil,

Tem piedade, ó Satã, desta longa miséria!

Tu que, abrindo a alma e o olhar das raparigas a ambos

Dás o culto da chaga e o amor pelos molambos,

Tem piedade, ó Satã, desta longa miséria!

Do exilado bordão, lanterna do inventor,

Confessor do enforcado e do conspirador,

Tem piedade, ó Satã, desta longa miséria!

Pai adotivo que és dos que, furioso, o Mestre

O deus Padre, expulsou do paraíso terrestre

Tem piedade, ó Satã, desta longa miséria!

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A Alma do Vinho

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A alma do vinho assim cantava nas garrafas:

"Homem, ó deserdado amigo, eu te compus,

Nesta prisão de vidro e lacre em que me abafas,

Um cântico em que há só fraternidade e luz!

Bem sei quanto custou, na colina incendida,

De causticante sol, de suor e de labor,

Para fazer minha alma e engendrar minha vida;

Mas eu não hei de ser ingrato e corruptor,

Porque eu sinto um prazer imenso quando baixo

À goela do homem que já trabalhou demais,

E sei peito bastante é doce tumba que acho

Mais propícia ao prazer que as adegas glaciais.

Não ouves retirar a domingueira toada

E esperanças chalrar em meu seio, febris?

Cotovelos na mesa a manga arregaçada,

Tu me hás de bendizer e tu serás feliz:

Hei de acender-te da esposa embevecida;

A teu filho farei a força e a cor

E serei para tão terno atleta da vida

Como o óleo e os tendões enrija ao lutador.

Sobre ti tombarei, vegetal ambrosia,

Grão precioso que lança o eterno semeador,

Para que enfim do nosso amor nasça a poesia

Que até Deus subirá como uma rara flor!"

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O Vampiro

0 Consolos
Tu que, como uma punhalada,
Em meu coração penetraste,
Tu que, qual furiosa manada
De demônios, ardente, ousaste,
De meu espírito humilhado,
Fazer teu leito e possessão
- Infame à qual estou atado
Como o galé ao seu grilhão,
Como ao baralho o jogador,
Como à carniça ao parasita,
Como à garrafa ao bebedor
- Maldita sejas tu, maldita!
Supliquei ao gládio veloz
Que a liberdade me alcançasse,
E ao veneno, pérfido algoz,
Que a covardia me amparasse.
Ai de mim! Com mofa e desdém,
Ambos me disseram então:
"Digno não és de que ninguém
Jamais te arranque a escravidão,
Imbecil! - se de teu retiro
Te libertássemos um dia,
Teu beijo ressuscitaria
O cadáver de teu vampiro!
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quinta-feira, 17 de março de 2011

A serpente que dança

0 Consolos

Em teu corpo, lânguida amante,

Me apraz contemplar,

Como um tecido vacilante,

A pele a faiscar.

Em tua fluida cabeleira

De ácidos perfumes,

Onde olorosa e aventureira

De azulados gumes,

Como um navio que amanhece

Mal desponta o vento,

Minha alma em sonho se oferece

Rumo ao firmamento

Teus olhos que jamais traduzem

Rancor ou doçura,

São jóias frias onde luzem

O ouro e a gema impura.

Ao ver-te a cadência indolente,

Bela de exaustão,

Dir-se-á que dança uma serpente

No alto de um bastão.

Ébria de preguiça infinita,

A fronte de infanta

Se inclina vagarosa e imita

A de uma elefanta.

E teu corpo pende e se aguça

Como escuna esguia,

Que às praias toca e se debruça

Sobre a espuma fria.

Qual uma inflada vaga oriunda

Dos gelos frementes,

Quando a água em tua boca inunda

A arcada dos dentes

Bebo de um vinho que me infunde

Amargura e calma,

Um líquido céu que se difunde

Astros em minha alma!

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Cíume

0 Consolos
Entre as tartáreas forjas, sempre acesas,
Jaz aos pés do tremendo, estígio nume ,
O carrancudo, o rábido Ciúme,
Ensanguentadas as corruptas presas.

Traçando o plano de cruéis empresas,
Fervendo em ondas de sulfúreo lume,
Vibra das fauces o letal cardume
De hórridos males, de hórridas tristezas.

Pelas terríveis Fúrias instigado,
Lá sai do Inferno, e para mim se avança
O negro monstro, de áspides toucado.

Olhos em brasa de revés me lança;
Oh dor! Oh raiva! Oh morte!... Ei-lo a meu lado
Ferrando as garras na vipérea trança.
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quarta-feira, 16 de março de 2011

Remorso Póstumo

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Quando fores dormir, ó bela tenebrosa,

Em teu negro e mamóreo mausoléu, e não

Tiveres por alcova e refúgio senão

Uma cova deserta e uma tumba chuvosa;

Quando a pedra, a oprimir tua carne medrosa

E teus flancos sensuais de lânguida exaustão,

Impedir de querer e arfar teu coração,

E teus pés de correr por trilha aventurosa,

O túmulo, no qual em sonho me abandono

- Porque o túmulo sempre há de entender o poeta -,

Nessas noites sem fim em que nos foge o sono,

Dir-te-á: "De que valeu, cortesã indiscreta,

Ao pé dos mortos ignorar o seu lamento?"

- E o verme te roerá como um remorso lento

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terça-feira, 15 de março de 2011

In The Dark

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Há noites não tenho sono
Fico fantasiando o momoneto em que me procurarás pedindo perdão
ou então vou mais além ainda e imagino como tudo seria se não tivesse te conhecido.
Me lembro da felicidade simulada em que eu me encontrava
Eis que você surge e achei felicidade real, palpavel
Qualquer medo, dor raiva sumiam nos teus braços
Tu eras meu amor e meu porto seguro
nada e ninguém conseguiam me deixar tão feliz quanto eu estava ao seu lado
Não era doente, obsessivo ou imponente
Teus beijos e abraços eram um calmante para a minha castigada alma
Hoje os calmantes sçao artificiais e me obrigam a dormir só para que eu não passe a noite a chorar a tua ausência.
mas advinha: ao cair no sono sempre, todas as noites sonho com teus olhos em minha direção e tua boca dizendo me amar
E qual é o maior castigo, não dormir para não fantasiar
ou dormir e reviver a bela história perdida?
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segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

O Cachimbo

2 Consolos
Trigueiro, negro, enfarruscado,
Sou o cachimbo d'um autor,
incorrigível fumador,
Que me tem já quase queimado.

Quando o persegue ingente dor,
Eu, a fumar, sou comparado
Ao fogareiro improvisado
Para o jantar d'um lenhador.

Vai envolver-lhe a tova mente
O fumo azul e transparente
Da minha boca em erupção...

A sua dor, prestes, se acalma;
Leva-lhe o fumo a paz à alma,
Vai Alegrar-lhe o coração!
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sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Adeus

2 Consolos


Adeus! e para sempre embora,
Que seja para nunca mais:
Sei teu rancor - mas contra ti
Não me rebelarei jamais.

Visses nu meu peito, onde a fronte
Tu descansavas mansamente
E te tomava um calmo sono
Que perderás completamente:

Que cada fundo pensamento
No coração pudesses ver!
Que estava mal deixá-lo assim
Por fim virias a saber.

Louve-te o mundo por teu ato,
Sorria ele ante a ação feia:
Esse louvor deve ofender-te,
Pois funda-se na dor alheia.

Desfigurassem-me defeitos:
Mão não havia menos dura
Que a de quem antes me abraçava
Que me ferisse assim sem cura?

Não te iludas contudo: o amor
Pode afundar-se devagar;
Porém não pode corações
Um golpe súbito apartar.

O teu retém a sua vida,
E o meu, também, bata sangrando;
E a eterna idéia que me aflige
É que nos vermos não tem quando.

Digo palavras de tristeza
Maior que os mortos lastimar;
Hão de as manhãs, pois viveremos,
De um leito viúvo despertar.

E ao achares consolo, quando
A nossa filha balbuciar,
Ensiná-la-ás a dizer "Pai",
Se o meu desvelo vai faltar?

Quando as mãozinhas te apertarem
E ela teu lábio -houver beijado,
Pensa em mim, que te bendirei
Teu amor ter-me-ia abençoado.

Se parecerem os seus traços
Com os de quem podes não mais ver,
Teu coração pulsará suave,

E fiel a mim há de tremer.

Talvez conheças minhas faltas,
Minha loucura ninguém sabe;
Minha esperança, aonde tu vás,
Murcha, mas vai, que ela em ti cabe.

Abalou-se o que sinto; o orgulho,
Que o mundo não pôde curvar,
Curvou-se a ti: se a abandonaste,
Minha alma vejo-a a me deixar.

Tudo acabou - é vão falar -,
Mais vão ainda o que eu disser;
Mas forçam rumo os pensamentos
Que não podemos empecer.

Adeus! assim de ti afastado,
Cada laço estreito a perder,
O coração só e murcho e seco,
Mais que isto mal posso morrer.
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Verdades

1 Consolos


Não tenha medo do sobrenatural
tenha medo de seres humanos que podem fincar uma faca no teu peito
ou uma faca moral em tua mente

Não tenha medo do amor
Mas ame com cuidado, pois estará entregando seus segredos e sua vida
ao desconhecido

Não tenha medo de viver
Mas tenha cautela com seus atos
Pode ser que no futuro você não aguente mais as pessoas apontando seu passado

Saiba que mesmo vivendo uma vida toda com alguém não se conhece 100%
mas boa parte do que não conhecemos é o que nos negamos a enxergar

Saiba que a felicidade não eh algo padronizado
Cada um encontra a sua em algo diferente
Se você não é rico ou se não se casou com quem ama não quer dizer que não seja feliz

Nunca amargue seu coração por alguém que não sabe amar
Feliz é aquele que faz feliz os infelizes!!!
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quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Bleeding Heart

0 Consolos


Agora eu sei que o fim chega
Você sabia desde o começo
Não queria acreditar que era verdade
Você está sozinha outra vez, Minha alma estará com você

Por que o relogio ainda está correndo
Se meu mundo não está mais girando
Ouço sua voz pelo vento na porta
Você está sozinha de novo, Eu estou só esperando

Você despedaça meu coração
Antes de ir sem arrependimentos
Eu chorei por você, minhas lágrimas virando sangue
Estou pronto para me render
Você diz que eu levo isso muito a sério
E tudo que eu peço é compreensão
Trago de volta pra você um pedaço do meu coração despedaçado
Estou pronto para me render

Eu me lembro dos momentos
A vida foi curta pro romance
Como uma rosa isso irá desaparecer
Eu estou deixando tudo

Sem arrependimentos, a guerra acabou
O retorno de um soldado
Ponha minhas mãos no meu coração sangrando
Eu estou deixando tudo pra trás
Sem mais esperas

Você despedaça meu coração
Antes de ir sem arrependimentos
Eu chorei por você, minhas lágrimas virando sangue
Estou pronto para me render
Você diz que eu levo isso muito a sério
E tudo que eu peço é compreensão
Trago de volta pra você um pedaço do meu coração despedaçado
Estou pronto para me render

Eu esperei por tanto tempo!

Você despedaça meu coração
Antes de ir sem arrependimentos
Eu chorei por você, minhas lágrimas virando sangue
Estou pronto para me render
Você diz que eu levo isso muito a sério
E tudo que eu peço é compreensão
Trago de volta pra você um pedaço do meu coração despedaçado
Estou pronto para me render

Estou pronto para me render
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domingo, 13 de fevereiro de 2011

Se eu morresse amanhã

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Se eu morresse amanhã, viria ao menos
Fechar meus olhos minha triste irmã,
Minha mãe de saudades morreria
Se eu morresse amanhã!
Quanta glória pressinto em meu futuro!
Que aurora de porvir e que manhã!
Eu perdera chorando essas coroas
Se eu morresse amanhã!
Que sol! que céu azul! que doce n’alva
Acorda ti natureza mais louçã!
Não me batera tanto amor no peito
Se eu morresse amanhã!
Mas essa dor da vida que devora
A ânsia de glória, o dolorido afã...
A dor no peito emudecera ao menos
Se eu morresse amanhã!
Alvares de Azevedo
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